sábado, 5 de dezembro de 2009

Pedaços IV









Um instante...

Inesperado, inusitado, em tempo algum planejado...

Apenas acontecido, sem cerimonia desenvolvido ao longo do tempo que se mensura devorando segundo a segundo o lado não metafísico desta vida, que sempre está de partida.

Alguma coisa sentida guardada, outrora ansiada querida, agora está adormecida, ida ao tempo que foi sempre ontem e se teima ao chamado de futuro, não se compreende, somente se deseja, por isso o sofrimento, por isso lágrimas lavam a alma como fios de fogo queimando as entranhas numa dor mental aguda, que emudece a voz e cega a vista para sempre.

Porque se é consciente que a realidade que não tem parceria, amizade ou comprometimento com a vida, que se desenvolve para cada história que nasceu gritando a primeira sensação do tapa e em pouco tempo vai embora clamando a negação contra a 'eterna ausência'.

Segredos silenciam a alegria real e os olhos cansados miram o horizonte que sempre quer a 'porta de saída', a libertação da dança colorida das ilusões dos mil nadas...

O 'Eu' de cada um não se entende não se compreende, não se aceita e de si próprio é carente, espelhando em vontades fantasiosas a realização do que não é possível ou de 'bom senso' para a lógica do absoluto...

E se perdem na revolta contra a porção do Absoluto em si mesmos.

Assim é difícil e estranhamente duro perceber o quanto se sente sozinho julgando-se pronto para o que dizem Amor.

Amor pelo outro para 'ter' o outro, sem se ter sem se conhecer e sem se sentir.

Assim a negação é constatada é como o aviso para o aprendizado do desapego, para a imposição da marcha dos pés na infinita estrada, afinal esta é a única certeza evidente e nunca modificada.

Uma pergunta cruel que mora em todas as faces 'sem nomes' e sem histórias próximas umas das outras pela evidente lacuna das geografias físicas.

Uma conclusão tardia mas consciente que transforma o intenso triste, em tranquilidade longe dos extremos eufóricos ou melancólicos.

Vivendo em meio a tantos impulsos não calculados, desejando apenas que tudo isso esteja terminado.

Pares de mãos vazias com  temor e vergonha de saberem-se mutuamente tocadas, espalham-se escondendo o próprio coração do outro, por vergonha do que não sabem fazer, o aprender do sentir e do ser.

Pares de olhos percebem-se sempre fugidios, cobradores e especulativos fitando apenas a estética externa dos 'adornos carnais consumíveis' desfilando de formas e cores gritantes em meio as plagas tantas de nossas cidades em tão pouca idade...

Esquecendo-se  que o que se tem é muito mais íntimo e está com  muito medo de se expor em simplicidade.

Muitos acalam, muitos esperam muitos iluminam-se, alguns vão embora, outros vivem, outros ainda existem, e por final raros resistem.



Um comentário:

  1. Oi meu querido!
    Gostei muito do que li e parece que em elgumas linhas também representam saudades de mim.
    Quando se lê, cada qual interpreta tal linguagem a sua própria compreensão e é o que eu senti e fiquei feliz!
    Mas...
    VOLTEI!
    Bjs!
    Maura

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