sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Não sei...








O que é visto...

O que é sentido, o que é guardado, os tempos estão diferentes, as percepções estão vazias de alguma coisa que se quer muito por dentro, mas pouco se mostra a coragem de torna-la exposta ao semelhante.

O tempo está mais veloz, a vida mais exigente e a cada dia que passa a sensibilidade parece esfriar, discursos prontos, modismos brilhantes, tudo profundamente acelerado, cores, sons atitudes gritantes, um chamar de atenção quase histérico por motivos tão 'importantes' mas que se juntados em grupos de milhares não passam do valor de nada realmente proveitoso, uma decadência profunda, a simpatia por escolhas inusitadas, o não importar-se muito como que virá depois ansiando apenas a sensação do gozo imediato instantâneo e unilateral.

Um mundo novo, 'moderno', 'bonito', um mundo 'exigente', 'arrojado'...

Um mundo seco de poesia real, onde citações como bom dia, boa tarde, boa noite...

Já dormem no passado do museu mental deste 'caudaloso rio de gente apressada' que ganha a vida com muito sacrifício apenas porque todo mundo (ou quase) todo mundo consegue faze-lo. Não tendo tempo para se deter em um simples ato fraterno cordial, ou por ser piegas ou apenas parecer aos 'olhos atentos', uma coisa sem cor, como aquelas fotos  do ontem de tantos avôs e avós...

Observar estados entre as relações humanas, onde o que se julga 'amor' ou laço relacional, perde espaço para a tangibilidade, por conta da extensa construção virtual que desliga ou deleta o sentimento quando o computador está inoperante.

A conversa simples, o olho no olho, o desejo da presença é substituído pela construção de enredos mil só para impressionar uma outra história ou acalentar uma carência envergonhada de  si mesma por entender-se como algo inconveniente de ser conhecido.

Desejar o tempo de 'ontem', onde tudo podia mesmo ser simples mas era vivido e exercido em sua plenitude...

Onde heróis eram os pais, onde crianças eram crianças, onde sonhos eram sonhos, pois a necessidade de se  ocultar do medo criado pelo próprio propósito, era inexistente.

A busca pelo excesso, pela fartura, a neurose enorme perante a escolha do modo de vida, era algo não atuante, o contentamento não retirava a dignidade do que se possuía, não haviam feridas tão ou mais fortes até do que as físicas quanto as atualmente desferidas contra as tantas almas aflitas e perdidas de si mesmas, como pedintes de luz e afeto ao menos por um momento antes que o sono chegue e faça esquecer o dia triste pela falta de coragem ao se encarar no espelho de casa além da mera conotação estética...

Um cansaço profundo roga aos silêncios metafísicos a grande mudança essencial de cada um, mas apesar da construção da esperança abrangente pelo Ser idôneo...

rege ainda a escolha individual, a persistência neste ou naquele outro agir e pensar que não o de bom senso.

Assim tem-se de continuar aprendendo, aumentando a capacidade de discernir, resistir e não ingressar em arroubos de fé e devocionalidade só por modismos, discordando dos princípios reais de fraternidade só por diferença de crenças...

Cansados passos insistem em seguir em direção ao coletivo abraço dos já idos antes...

recebendo a fraternidade plena e extinguindo as saudades daquilo que nunca havia se contemplado anteriormente...

Mas nunca deixou-se de saber-se presente interiormente.

Um momento melhor, um dia calmo, uma canção que plenamente emocione.

Um sorriso tranquilo, uma certeza de missão cumprida, o final da espera angustiante...

A volta para casa, com a isenção plena da triste contenda das escolhas vazias de vida...

Embora tudo seja belo aqui, está opaco perdido e com vergonha de ser exercido.

Porém, nada mais alentador de entender que além de qualquer confuso cenário evidenciado com tanto clamor...

Existe a eternidade...

Muito além de qualquer 'sabedoria' ou adiantada 'adulta idade'...

RF.







Um comentário:

  1. Querido Ricardo!Belíssimo texto!
    Posso dizer que és um verdadeiro ESCRITOR e isso me deixa muito feliz por saber que pelo menos 1% eu contribuí para esse início de jornada!

    Vamos divulgar!!!

    Um abração da Maura!

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